História da vacina
A vacina é considerada uma das maiores conquistas da saúde pública.
No entanto, a vacinação se mostrou controversa desde sua origem, quando foi introduzida há alguns séculos, em meio à descrença da população.
Grupos opositores argumentavam contra seu uso, alegando que a medida era algo não natural e, até mesmo, contaminante.
Porém, logo após ser posta em prática e apresentar resultados imediatos contra doenças mortais, e tão dissipadas que já eram consideradas como fatos inevitáveis da vida, a vacinação recebeu aprovação unânime.
A partir de então, a imunização de doenças se tornou uma das intervenções de maior sucesso e importância da história, desde a provisão de água potável.
A importância da imunização
A erradicação e manutenção de doenças patogênicas por meio da vacinação é vital para diversos setores da sociedade, da saúde à economia.
Ao contrário de outras drogas, que atuam em casos isolados, a vacina não apresenta uma solução individual e, sim, um plano de proteção a todos.
Por conter a disseminação do vírus, ela protege a pessoa vacinada, mas também evita o contágio dos não-vacinados, prevenindo a evolução da doença para um quadro de epidemia.
Essa medida estratégica é crucial do ponto de vista do bem-estar social, impedindo que males críticos se espalhem à população e atinjam, principalmente, os mais desfavorecidos que estão sob os cuidados exclusivos da saúde pública.
O aumento de doentes sobrecarrega o sistema público, afeta a média de desenvolvimento cognitivo e impacta diretamente no desenvolvimento econômico de um país.
Movimentos antivacina
Muitas das doenças que já assolaram a humanidade por anos se encontram sob controle da medicina. Esse cenário de segurança e erradicação fez com que a população, incluindo profissionais da saúde, adotassem posturas negligentes ao dano que esses males ainda podem causar.
A quebra no sentimento de proteção da comunidade, em conjunto com o aumento da descrença em relação às medidas públicas e, principalmente, da iniciativa privada – que ocupou o vazio criado pela demanda do novo mercado de medicações – foram responsáveis pelo nascimento de inúmeros movimentos contrários à imunização.
Somente nos Estados Unidos, 30% das crianças dentro da faixa etária crítica não recebem as imunizações recomendadas. Isso se deve, em grande parte, por conta de diversas campanhas populares contra a vacinação, que utilizam informações sem base científica e fontes contestáveis.
Principais argumentos contra a Imunização
Um estudo relatou que um dos principais fatores para o crescimento global do movimento antivacina está na força que as redes sociais exercem sobre as pessoas e a influência delas nas atitudes de seus usuários.
Não à toa, a ferramenta – que teve papel direto na eleição de diversos líderes mundiais – é a maneira mais eficaz para se espalhar todos os tipos de informações erradas e que contrariam anos de pesquisa e estudo científico, das famosas “fake news” a inúmeras teorias da conspiração.
Uma pesquisa responsável por monitorar as atividades de páginas do facebook que se posicionam contra a vacinação, publicou que as motivações desses grupos, geralmente, estão ligadas a um ou mais fatores listados abaixo:
- compartilhamento de informações erradas, sem base científica
- mudanças de opiniões,
- argumentos políticos, baseados na liberdade de criação dos pais,
- falta de confiança na comunidade médica,
- relatos pessoais de problemas relacionados à vacinação
- e teorias da conspiração.
A consistência desses argumentos entre pequenos grupos, geralmente os únicos ativos dentro de cada comunidade, é que gera a força necessária para que esses movimentos cresçam e se espalhem dentro das redes sociais.
A vacina tríplice viral e o autismo
As principais bandeiras levantas pelos movimentos opositores à imunização é de que a vacinação é, na verdade, a causadora de certas doenças e transtornos mentais.
A teoria em maior evidência nas redes sociais trata sobre a suposição da vacina conjunta contra rubéola, caxumba e sarampo, também conhecida como tríplice viral, ser responsável pelo aumento do quadro do TEA (Transtorno do Espectro do Autismo).
Mas essa teoria da conspiração não é tão recente quanto possa parecer. Ela só foi reforçada pela paranoia sintomática que tomou as redes sociais nos últimos anos. Na verdade, esse mito existe há mais de 20 anos e se baseia em um artigo que defende o vínculo hipotético da vacina ao transtorno.
Desde a sua publicação, o texto já foi refutado inúmeras vezes, sendo a mais recente em uma pesquisa realizada na Dinamarca, considerada a mais completa sobre o tema, e que envolveu mais de 600.000 crianças durante o estudo.
Nós postamos recentemente um vídeo explicando mais sobre o assunto:
A importância da vacina BCG
Outro sério problema de saúde pública no Brasil é a Tuberculose, uma doença infectocontagiosa que ataca principalmente os pulmões, mas também pode ocorrer em outros órgãos.
Todo ano, mais de 70 mil casos são registrados em território nacional, gerando aproximadamente 4 mil mortes em decorrência desta doença, em suas várias formas.
Uma das formas mais efetivas de prevenção da doença é a vacinação, através da Bacilo Calmette-Guérin (BCG). Essa vacina faz parte do Calendário Básico de Vacinação e está disponível gratuitamente nas unidades de saúde, incluindo as maternidades. É obrigatória para menores de um ano, devendo ser administrada logo no nascimento, nos primeiros dias de vida.
É importante enfatizar que a vacina não oferece total eficácia contra a tuberculose, mas apresenta uma proteção de mais de 80% contra as formas graves e disseminadas da doença, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar.
Conclusão
Os movimentos antivacinas, apoiados por mecanismos de compartilhamento instantâneo de notícias não confiáveis e um ambiente social propício à criação de teorias de conspiração, já estão causando um impacto real e interferindo nos rumos da saúde no país.
Doenças que antes se encontravam erradicadas no Brasil estão de volta e o cenário tende a piorar com o aumento da descrença no serviço público.
Sendo assim, a continuidade no sucesso de campanhas de imunização exige, mais do que nunca, um esforço coletivo por parte de todos os envolvidos: profissionais de saúde, governo, indústria e população.
Faça sua parte.
Não compartilhe conteúdo sem fontes confiáveis e ajude a acabar com nosso maior problema, a falta de informação.
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Fontes:
Between Hope and Fear: A History of Vaccines and Human Immunity (Michael Kinch)
https://www.journals.elsevier.com/vaccine
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/05/ciencia/1551783023_370147.html
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0264410X19303032
https://annals.org/aim/fullarticle/2727726/measles-mumps-rubella-vaccination-autism-nationwide-cohort-study