Por Sarah Sloat, 01 de dezembro de 2016

Shakespeare disse certa vez que “o amor é meramente loucura”, e, quando você está em seus redemoinhos, isso certamente corresponde à verdade. Como um xarope para tosse, o amor tem gosto estranho, é intoxicante, e pode te deixar desorientado. O outro efeito colateral, claro, é a carência. Os apaixonados ficam desesperados para saber se as estrelas estão alinhadas para que seu amor seja correspondido. Há alguns artigos on-line que ensinam a obter, de forma educada, um palpite sobre as intenções do seu amado. Mas, para respostas concretas, é melhor pedir a um médico por algumas sugestões e acesso ao equipamento.

Aqui tem o que você não aprende nas danças na escola: se precisa saber se alguém te ama, uma máquina de ressonância magnética e alguns sensores de eletrodos vão servir de comprovação. Ademais, o amor não é tão estranho a ponto de a ciência não poder identificá-lo no seu cérebro. Esqueça-se do estresse de saber se eles não responderam sua mensagem: o que importa é, literalmente, o que acontece dentro de você.

Costuma-se pensar que o amor acontece em três estágios: desejo, atração e apego. Em cada um destes diferentes pontos, diferentes hormônios e químicas orgânicas são liberados no corpo – testosterona e estrogênio conduzem o desejo, dopamina atua na fase da lua de mel; oxitocina e vasopressina surgem quando os sentimentos reais eu quero estar com você para sempre brotam. O cantor romântico atrás da cortina é o seu cérebro, trazendo o suor nas mãos e a voz titubeante.

Dra. Lucy Brown, uma neurocientista e professora clínica na Faculdade de Medicina Einstein (Einstein College of Medicine), é considerada pioneira na neurociência do amor romântico. Uma das formas que ela estuda é como o amor afeta o cérebro através da magem por ressonância magnética funcional, ou RMf. RMf mede a atividade cerebral ao observar o fluxo sanguíneo no cérebro (da mesma forma que a musculação aumenta o fluxo sanguíneo no seu bíceps, o fluxo sanguíneo aumenta nas áreas cerebrais ativas). Quando as pessoas se apaixonam, o sistema nervoso simpático reage – a mesma região do cérebro que controla a resposta de luta ou fuga.

“Se acha que alguém pode estar realmente atraído por você, o que acontece no cérebro é uma ativação de uma parte dele chamada área tegmental ventral, que é parte do nosso sistema de busca e recompensa” disse Brown para Inverse. “É a parte do cérebro que está ativa quando as pessoas estão bebendo água depois de estarem muito sedentas, ou comendo chocolate quando elas são chocólatras.”

“Esse sistema é ativado se estão atraídos por você – eles vão começar a te perseguir porque têm esse condicionamento de estar próximo”.

O trabalho de Brown demonstra que a ativação cerebral definitivamente difere mesmo quando alguém está olhando uma foto da pessoa amada versus alguém neutro. E o cérebro reage de forma diferente quando você pensa que aquele astro ou estrela do cinema é atraente / ao invés de eu na verdade quero estar com esta pessoa: Quando se está apaixonado, a área tegmental ventral direita da base cerebral é ativada. Se você apenas acha alguém bonito ou bonita, é à esquerda.

Brown explica que a diferença se baseia na ideia de querer versus gostar: “Quando quer alguma coisa e realmente precisa, isto significa que você organiza sua vida em volta disso – você está apaixonado (a). Mas quando acha alguma coisa bonita, como algo no museu, vai querer ir lá e apreciar, mas não vai voltar lá todo dia”.

Na busca para saber se alguém sente atração por você, é possível medir a descarga elétrica da pele dessa pessoa e a sua frequência cardíaca também. Em estudos anteriores, os professores Melanie Shoup-Knox e Nathan Pipitone tiveram uma noção  de que os homens prestam mais atenção nas mulheres que estão no ápice mensal de sua fertilidade, mas a fundamentação biológica não ficou clara. Assim, eles estudaram o sistema nervoso autônomo de ambos os sexos, ouvindo a voz de mulheres que estão em seu ciclo natural – e não as mulheres em controle de natalidade hormonal, como pílulas anticoncepcionais, – monitorando a frequência cardíaca e medindo a temperatura da pele. Eles colocaram eletrodos em cada braço dos indivíduos, e depois em seus tornozelos. As mudanças que notaram foram quase imediatas.

“Descobrimos que há uma mudança no sistema nervoso simpático que causa alteração na atividade elétrica da pele e mudanças na frequência cardíaca quando as pessoas ouvem esta voz”, disse Shoup-Knox para Inverse. “Acontece que a voz é um pico de ovulação entre essas mulheres.”

Enquanto os estudos têm consistentemente demonstrado que os homens são mais atraídos por mulheres férteis, o que o trabalho de Shoup-Knox e Piptone demonstra é como que este aumento do estado de excitação provoca uma mudança fisiológica. Curiosamente, a voz da mulher fértil afetou o sistema nervoso das mulheres heterossexuais também – talvez, Shoup-Knox postula, porque as mulheres precisam estar cientes em quem seus companheiros estão prestando atenção.

Caso não tenha um médico à sua disposição que possa trazer seu ou sua namorado(a) rapidamente para um teste de amor, você terá que fazer valer com sinais físicos exteriores. Brown diz que uma maneira bastante simples de comprovar se alguém está na sua é observar se eles olham para você muito – voltando à ideia do sistema de recompensa do cérebro, que é quase como pedir para eles serem um pouco esquisitos. O sistema nervoso simpático deles é também o que te permite observar as palmas das mãos suadas, voz ou mãos trêmulas, e dilatação momentânea da pupila do olho ou um surto de luta ou fuga de um romance. Mas talvez a maneira mais infalível de ver se alguém te ama, além de escanear seu cérebro? Fique seguro e confiante.

“Se quer saber se alguém está apaixonado por você e se está perto o suficiente para fazer esse questionamento, a pergunta é: “Qual porcentagem do dia você diria que pensa em mim?”, disse Brown. “Você quer que a resposta seja algo como: ‘eu não consigo parar de pensar em você!’ ou ‘80% do dia’. Essa é a maneira de saber se alguém está realmente na sua.”. É isso ou a máquina.

Artigo original disponível em: http://www.huffingtonpost.com/inverse/how-to-know-if-someone-lo_b_8962738.html