Dia do Alcoólico Recuperado – como ajudar?
Publicado por Scio Education

O uso de bebidas alcoólicas é um costume muito antigo e o ato de beber de maneira moderada ou esporadicamente faz parte dos hábitos de diversas sociedades, até mesmo integrando rituais e celebrações.

Por isso, determinar o limite entre o beber social, o uso abusivo ou nocivo de álcool e o alcoolismo (síndrome de dependência do álcool) é por vezes difícil, pois esses limites são tênues, variam de pessoa para pessoa e de cultura para cultura.

Sintomas do alcoolismo

A dependência do álcool é uma doença multifacetada e complexa, caracterizada por uma série de sintomas, mas com destaca-se o comportamento do vício, com a perda do controle do paciente em favor do uso da substância.

Desta maneira, ao mesmo tempo em que ele enxerga os problemas decorrentes do uso e vê a necessidade de parar de beber, também apresenta motivações para continuar bebendo. Ainda, mesmo tendo diversos prejuízos decorrentes do consumo, muitos não veem o uso como um problema – este quadro é conhecido como “negação”, que por si só não é um critério diagnóstico para dependência, porém é muito frequente.

Assim sendo, a possibilidade de ajudar dependerá do grau de dependência, da consciência dos problemas que seu hábito está causando e da relação de confiança estabelecida com a pessoa que oferece ajuda.

Como na maioria dos casos de abusos de substâncias dependentes, o primeiro passo é reconhecer o padrão de dependência.

Sistemas de Detecção

Alguns questionários práticos foram desenvolvidos para ajudar a levantar a suspeita de problemas com o álcool. O mais simples deles é conhecido como CAGE (sigla em inglês, que se refere a palavras das perguntas que são formuladas)

  • Você já tentou diminuir ou cortar (“Cut down“) a bebida?
  • Você já ficou incomodado ou irritado (“Annoyed“) com outros porque criticaram seu jeito de beber?
  • Você já se sentiu culpado (“Guilty“) por causa do seu jeito de beber?
  • Você já teve que beber para aliviar os nervos ou reduzir os efeitos de uma ressaca (“Eye-opener“)?

Se pelo menos uma resposta a essas perguntas for afirmativa (“sim“) há suspeita de problemas com o álcool. Duas ou mais respostas afirmativas é indicativo de problemas com o álcool e recomenda-se que procure ajuda de profissionais para iniciar um tratamento.

Tratamento contra dependência do álcool

A boa notícia é que não importa quão grave o problema possa parecer, a maioria das pessoas com transtorno por uso de álcool pode se beneficiar de alguma forma de tratamento.

Pesquisas mostram que cerca de um terço das pessoas tratadas não apresentam os sintomas após um ano e muitos outros reduzem significativamente o consumo da substância, relatando menos problemas relacionados ao álcool e melhora consistente na qualidade de vida.

Família e amigos desempenham papel muito importante na identificação dos problemas do uso de bebidas alcoólicas do indivíduo e, em especial, podem motivá-lo a iniciar e permanecer em tratamento.

Como familiares e amigos podem ajudar?

Um dos maiores obstáculos enfrentados por quem quer ajudar um alcoólico é a resistência do próprio afetado, tornando essa essa uma tarefa nada fácil. Então, selecionamos algumas dicas para lidar com essa situação:

  • Escolha o momento adequado para conversar, em que a pessoa esteja sóbria, ambos estejam calmos e em local que haja privacidade;
  • Seja objetivo ao dizer que está preocupado com seu consumo e que gostaria de auxiliá-lo a procurar ajuda, fundamentando com exemplos de situações negativas que ocorreram com ele em função do uso do álcool. Note que o simples fato de dizer que está preocupado e assegurar que pode contar com você no processo de busca por tratamento já é muito valioso;
  • Trabalhe com a motivação para a mudança por meio de uma relação amiga, mas também firme, procurando ajudá-lo a reconhecer que pode ter desenvolvido uma doença e que as pessoas não esperam que ele vá conseguir parar de beber sozinho, incentivando a busca por tratamento;
  • Procure demonstrar que, além do lado prazeroso, há o lado prejudicial desse comportamento, fazendo-o pesar os motivos que teria para continuar e os motivos para interromper o uso, com o objetivo de reforçar o desejo de mudar que o dependente em geral tem, mesmo que de forma inconsciente;
  • Uma vez que a motivação para mudança pode oscilar constantemente, a ajuda precisa estar sempre disponível. Mantenha uma relação de troca, dê suporte e se informe sobre as opções de tratamento.

É bom lembrar que, essas orientações podem surtir efeito variando de pessoa para pessoa. Sendo assim, o ideal é sempre contar com a ajuda com um profissional da saúde especializado para obter orientações mais adequadas para cada caso.