Especial Dia Mundial do Enfermo: Transtorno Dismórfico, Projeto Verão e Saúde Mental
Publicado por Scio Education

Brasil no verão é sinônimo de calor, praia e, naturalmente, mais corpos à mostra.

É nessa época do ano que começamos o tão aguardado processo de trancar os casacos em casa e descobrir nossos corpos para aproveitar as férias, o carnaval ou qualquer manhã ensolarada.

No entanto, para abrir espaço na gaveta para guardarmos as roupas, precisamos tirar primeiro nossas inseguranças e insatisfações quanto à nossa aparência. Então, entra em cena o famoso ‘Projeto Verão”.

Querer alterar algo em nossa aparência é normal. Somos todos humanos, feitos de alegrias e medos, momentos de confiança e outros de receio. Vivemos em um ambiente social e sentimos que somos sempre julgados, mas isso não pode ser o fator principal para decisões que envolvam nosso corpo e nossa aparência.

Antes de mais nada, é preciso aceitarmos nós mesmos pelo que somos e, para isso, a saúde mental desempenha um papel fundamental.

Saúde x Obsessão

 

Às vezes, a imagem no espelho pode refletir muito mais do que uma baixa autoestima ou um desconforto com um possível sobre peso ou alguma parte do nosso corpo.

Quando uma pessoa apresenta uma fixação negativa sobre alguma caraterística física em si, repetidamente, a ponto de alterar sua rotina ou desenvolver comportamentos compulsivos, buscando ‘melhorar’ esse aspecto, isso é um sinal de alerta para um transtorno psiquiátrico sério: o Transtorno Dismórfico Corporal.

Transtorno Dismórfico Corporal

 

Podemos classificar essa patologia como “a preocupação com um ou mais defeitos inexistentes ou sutis da aparência, causando forte angústia ou prejudicando a capacidade funcional.”

O transtorno começa geralmente na fase adolescente e seus sintomas podem aparecer de maneira gradual ou súbita, variando de intensidade, mas persistindo sem o tratamento adequado.

A questão é que a maioria das pessoas que sofrem desta doença não sabem que são normais e tendem a desenvolver costumes que podem interferir de maneira séria em sua rotina e relacionamento com os outros.

Entre os sintomas mais comuns estão:

  1. Descrever partes do corpo que não gosta como deformadas, medonhas ou monstruosas;
  2. Arrumar-se de forma compulsiva e excessiva (passar horas conferindo o espelho);
  3. Cutucar a própria pele (para remover ou arrumar os supostos defeitos de pele);
  4. Realizar tratamento cosmético (principalmente dermatológico), odontológico ou cirúrgico repetidamente;
  5. Tomar esteroides anabolizantes, em casos de homens com dismorfia muscular

 

O perigo do isolamento e da solidão

Além das intervenções físicas, a pessoa com o transtorno dismórfico corporal tende a desenvolver aspectos mentais negativos, como mau humor, insatisfação constante, dificuldade em desempenhar tarefas, dificuldade de relacionamento, falta de iniciativa, prejuízo na capacidade criativa, inibição e timidez.

Essa melancolia, junto com a sensação de constrangimento pela aparência, faz com que a pessoa se isole cada vez mais e evite aparecer em público, chegando ao ponto de faltar ao trabalho, à escola ou não participar de atividades sociais.

É por isso que o verão é uma época extremamente difícil para quem sofre da doença.

Em um estágio avançado, quando essa cobrança sai do controle e se transforma em sofrimento, a angústia causada pelo transtorno pode causar depressão, internações hospitalares repetidas, comportamento suicida e até mesmo suicídio.

Buscando ajuda

 

Apesar de 3% da população apresentar essa condição, vale destacar que o transtorno é completamente tratável.

Para os especialistas, a combinação de farmacoterapia (antidepressivos) e terapia cognitivo-comportamental é a abordagem mais eficaz, além da recomendação de uma terapia de reversão de hábito, utilizada para diminuir as atividades repetitivas.

Segundo a psiquiatra Julia Trindade – “é importante lembrar que um corpo “perfeito” é um corpo, acima de tudo, saudável. O Projeto Verão ideal é nos aceitarmos como somos e valorizar aquilo de melhor que existe na gente. Estar com a saúde mental em dia faz parte disso.”

 

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Fontes:

Engeplus

MSD Manuals