Falando sobre o tratamento de ECT
Publicado por Scio Education

Eletroconvulsoterapia, ou ECT, é uma intervenção psiquiátrica que teve início nos anos 30 e, até hoje, é amplamente praticada em ambientes hospitalares no mundo todo.

A polêmica

Apesar de inúmeros estudos apontarem a eficácia e a segurança deste tipo de tratamento, o ECT ainda é um assunto delicado a ser discutido. O tabu existe pela maneira como a terapia é aplicada, sendo comparada por alguns com uma forma de tortura.

Essa narrativa também é reforçada para público geral por conta da maneira como a indústria do entretenimento retrata o processo, criando um estereótipo violento e desumano, inclusive acerca de efeitos colaterais, como danos cognitivos, e até morte.

ECT no cinema

Um bom exemplo que ajudou a estigmatizar essa forma de terapia é o filme “Um Estranho no Ninho”,  de 1975. Na trama, que se passa em um hospital psiquiátrico dos Estados Unidos, a eletroconvulsoterapia é retratada de maneira punitiva, como um recurso para transformar a personagem de Jack Nicholson em um paciente dócil mas com sérios danos mentais, próximo de um estado catatônico.

Além dessa percepção errada sobre a utilidade do tratamento, ele é constantemente retratado como uma barbárie, uma experiência cheia de sofrimento e dor para o paciente. Infelizmente, essa visão não parou nos anos 70. Ainda temos muitos exemplos no universo de filmes e seriados, como no caso da série Homeland, em que a personagem principal passa pela mesma experiência traumática no final da primeira temporada.

Uma prática segura

De acordo com o Dr. Sivan Mauer, mestre em pesquisa clínica pela Boston University School of Medicine, o ECT é um ato médico extremamente eficaz, seguro e reconhecido cientificamente. Ele deve ser executado sob o uso de anestesia geral e relaxamento muscular, sempre em um ambiente hospitalar.

Em seu artigo, ele também analisa os estudos realizados sobre uma das principais falácias quanto ao uso dessa terapia: o índice de mortalidade dos pacientes.

Os dados levantados pela revisão de um grupo de pesquisadores dinamarqueses, mostram uma taxa de mortalidade de 2,1 para 100.000. Ou seja, muito rara.

Essa pesquisa contemplou 15 estudos de 32 países, em que os procedimentos foram realizados adequadamente e dentro dos parâmetros de segurança.

Tratando a depressão

A ECT é recomendada no tratamento de diversas áreas da psiquiatria, mas principalmente no combate à depressão severa, que muitas vezes pode levar ao suicídio. Não à toa, muitos pacientes dizem que o uso dessa terapia salvou suas vidas.

Segundo um estudo realizado pelo departamento de psiquiatria e comportamento mental, da Georgia Regents University, pacientes que sofriam de casos clínicos de depressão e passaram pelo tratamento de ECT, apresentaram um aumento significativo em sua qualidade de vida.

Os indivíduos em que o quadro depressivo entrou em remissão, após 6 meses de tratamento, apontaram níveis de funcionalidade física e social, dor e vitalidade similares a de indivíduos saudáveis.

Os resultados foram obtidos através de formulários preenchidos pelos pacientes antes e depois do tratamento, e comparados para análise.

Opção no tratamento da esquizofrenia

Os resultados no espectro da depressão já são mais do que comprovados, mas uma pesquisa realizada em 2016 também sugere que o ECT pode ser eficaz em casos de Esquizofrenia.

Constatamos que três quartos (76,7%) dos pacientes respondem a esse tratamento e, surpreendentemente, o tratamento esteve associado a pouquíssimo comprometimento cognitivo”, afirma o Dr. Tyler Kaster, pesquisador na University of Toronto, no Canadá.

Os próximos passos da pesquisa passam, justamente, por determinar quais são os fatores responsáveis por esse comprometimento cognitivo.

Terapia alternativa

Nos casos de depressão grave, esquizofrenia refratária e outros quadros psiquiátricos específicos, a ECT aparece como uma opção terapêutica eficaz para os pacientes que não obtiveram a resposta esperada ao tratamento medicamentoso.

No entanto, o mais importante é que o ECT é uma forma de ajudar pessoas que estão passando por um grande sofrimento mas que por um má impressão não tem nem a chance de testar o tratamento.

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Fontes:

ECT no cinema

Qualidade de vida 

Esquizofrenia