Especial Maio Amarelo: o trânsito pode ser prejudicial à saúde?
Publicado por Scio Education

A necessidade humana de ir e vir sempre foi saciada ao longo da história. Com avanços da tecnologia, essa atividade ganhou maiores e mais eficientes meios de transporte. Hoje em dia, o carro ainda é, inegavelmente, o principal desses meios.

Milhares de milhões de pessoas sobem em seus veículos para se deslocar por quilómetros de distância, diariamente. Seja para ir para o trabalho, que fica do outro lado da cidade, para ir às compras, viajar, levar os filhos na escola ou buscar os filhos escola, muitos de nós gasta grande parte da vida sob quatro rodas. Hoje em dia, tem até gente que trabalha dirigindo, o dia inteiro.

Por se mostrar algo essencial para a vida moderna, esse assunto merece uma reflexão: tanto tempo dentro de um carro pode ser prejudicial para a nossa saúde?

A jornada dentro de um carro

Passamos tanto tempo dirigindo e, principalmente, no trânsito, que já realizamos atividades do nosso cotidiano ao volante, normalmente, como se estivéssemos em casa ou conversando com amigos. A diferença é que, ao contrário de estarmos sentados no sofá vendo televisão, dirigir exige alguns recursos de atenção e concentração significativos, para que possamos manobrar, controlar e planejar nossos movimentos.

Quando nos esquecemos desse fato é que a comodidade de se ter um carro para chegar mais rápido e mais longe, pode se tornar um problema grave. Até mesmo, fatal.

Ultraconfiança no elo mais fraco: o motorista

Apesar de existirem, as falhas mecânicas não são as principais causadoras de acidentes envolvendo veículos. A grande maioria das batidas de carro e acidentes acontece pela falta de atenção do condutor.
E quando falamos de distração conduzindo, podemos definir como:

“(…) o desvio de atenção para além de atividades críticas para a condução segura em direção a uma atividade concorrente, o que pode resultar em insuficiente ou nenhuma atenção a atividades críticas para a condução segura.” – (Regan, Hallett & Gordon 2011, p. 1776)

Ou seja, nossa confiança em mover toneladas de aço e ferro à velocidades extremas, I.e., dirigir um carro, atrapalha o julgamento da responsabilidade que essa atividade requer e isso impacta na capacidade de entender os limites da nossa própria concentração.

Distrações externas

Além de todas os estímulos visuais que recebemos ao longo do caminho, que geralmente são alheios ao nosso controle, como outdoors, placas de sinalização, farol alto dos outros veículos, temos também outras distrações que são completamente evitáveis. Por ironia, essas são as principais causadoras de acidentes.

Telefonar, mandar mensagens de texto, disciplinar crianças no banco de trás e adolescentes interagindo com amigos são alguns exemplos de distrações que mais causam acidentes, segundo Sheila S. Sarkar, PhD, diretora do California Institute of Transportation Safety, em San Diego.

O risco do modo multitarefa no trânsito

O perigo em realizar múltiplas tarefas enquanto conduzimos está no fato de que mesmo quando essas atividades ocupam lados opostos do cérebro, fazê-las juntas pode sugar muito processamento cerebral.
Segundo cientistas do Carnegie Mellon University, em Pittsburgh, quando realizamos duas tarefas simultaneamente, precisamos mudar o processamento mental de primeira para as regras e processamento da segunda. Essa mudança pode levar até 1 segundo para acontecer. E esse segundo é vital.

Essa microdistração de 1 segundo é vital e contribui para dezenas de milhares de mortes no trânsito e bilhões de dólares em prejuízos, anualmente.

No entanto, estudos recentes confirmam que esses estímulos externos não são os únicos obstáculos para segurança ao volante.

O perigo que vem de dentro

Existem muitos estímulos internos que podem atrapalhar nossa capacidade de concentração e condução. Muitos deles, são derivados inclusive do cansaço mental e emocional que passamos diariamente na frente do volante.

Essa ideia se baseia na teoria de que quando um indivíduo experiencia uma reação emocional, como ansiedade ou preocupação, ele se torna menos eficiente no processamento de informações sensoriais, como dirigir um automóvel, e precisa se esforçar mais para manter o nível de performance para realizar essas atividades.

Neste artigo, pesquisadores abordam o impacto de três tipos de intervenções emocionais na habilidade de dirigir com segurança.

 Stress

O mais comum dos problemas, pode levar a acessos de raiva que desbalanceam nosso compasso emocional. Ou até mesmo eventos estressantes como problemas financeiros podem sobrecarregar nossa atenção.

Emoções

Reações emocionais, tanto positivas quanto negativas, podem afetar nossa performance como condutores. Raiva, tristeza, choro, euforia ou agitação emocional são as mais comuns nesse caso.

Um fato curioso é que, apesar de ainda não encontrar um motivo exato, pesquisas apontam que questões emocionais tem maior impacto nas chances de acidentes do que mexer no celular ou dirigir com sono, por exemplo

Saúde Mental

As mudanças de humor causadas por doenças mentais, como ansiedade e depressão, aliadas à intensas ondas de emoções negativas, torna os motoristas dentro desse espectro um grupo mais suscetível a sofrere uma sobrecarga emocional, colocando em risco sua capacidade de dirigir de maneira segura.

Conclusão

Apesar de contribuir para o aumento da poluição, que também é muito prejudicial ao nosso corpo, e estudos indicarem que estar no trânsito todos os dias não faz bem para a saúde mental, dirigir ainda é um atividade necessária para milhões de pessoas que dependem do carro para se locomover e chegarem aos seus destinos.

Mas isso não impede de tornarmos essa parte tão importante do dia mais prazerosa e segura.

  • Quando estiver dirigindo, dedique sua concentração ao volante. Aprenda a controlar a ansiedade de checar as 45 mensagens que chegaram no seu smartphone.
  • Tente relaxar e perceber quando está começando a ficar com raiva. Essa realização pode ajudar a controlar ataques de stress desnecessários.
  • Mude suas atitudes pouco a pouco, buscando tornar o trânsito um ambiente menos hostil para você e para os outros.
  • Coloque uma música relaxante ou um podcast para acompanhá-lo no caminho.
  • Dê carona. Você evita gastos e ajuda o meio ambiente.

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Fontes:

https://www.webmd.com/balance/features/driving-is-hazardous-to-your-health#1 

https://www.researchgate.net/publication/310651133_The_impact_of_emotion_life_stress_and_mental_health_issues_on_driving_performance_and_safety