Hoje em dia, aumenta cada vez mais o número de pessoas diagnosticadas com algum sintoma ansioso. Esses transtornos são caracterizados por manifestações de ansiedade duradouras ou extremas, muitas vezes desproporcionais à situação que causa essa sensação, um fato que interfere de maneira negativa na vida da pessoa.
Um desses sintomas é o conhecido Ataque de Pânico.
Transtorno de Pânico e Agorafobia
O Transtorno do Pânico pode ser diagnosticado através de ataques de pânico inesperados e repetidos, que levam a um longo período de preocupação, em que a pessoa teme que esses ataques voltem a acontecer.
Sendo assim, o TP (transtorno de pânico) é a junção de surtos súbitos de ansiedade, sintomas físicos e afetivos, medo de ter um novo ataque e o desejo de evitar os locais e situações que possam ter levado a um dos ataques.
Essa ansiedade antecipatória pode derivar de outro transtorno que muitas vezes acompanha o TP: a Agorafobia.
Neste caso, o indivíduo buscar evitar determinados lugares ou situações onde a fuga é difícil ou embaraçosa (ou a ajuda possa não estar disponível), na eventualidade de ocorrer um ataque de pânico.
Teoria Tripla de Vulnerabilidade
De acordo com a teoria criada por David H. Barlow, um psicólogo americano e professor na Universidade de Boston, certas predisposições podem influenciar na vulnerabilidade de uma pessoa ao medo. Ainda segundo essa linha de pensamento, a soma desses tipos de vulnerabilidade é um fator que ajudaria a contribuir para o desenvolvimento do transtorno de pânico.
- Vulnerabilidade Biológica
Quando a ansiedade e o afeto negativo são herdados como características genéticas.
- Vulnerabilidade psicológica
Quando alguma experiência vivenciada durante o desenvolvimento da pessoa leva a sensações que fogem ao seu controle.
- Vulnerabilidade Psicossomática
Quando a pessoa possui sensações derivadas de uma impressão constante de ameaça e perigo
Abordagem cognitivo-comportamental
Segundo o modelo cognitivo-comportamental, os ataques de pânico têm origem em interpretações erradas de manifestações corporais. Essa percepção distorcida de sensações normais do corpo leva ao aumento da ansiedade, pois a pessoa nunca sabe o que pode desencadear um novo ataque.
Exemplo de interpretação distorcida:
- Pessoa experiencia sensações de pontadas no peito, palpitações ou sudorese
- Associa erroneamente essas sensações a um AVC ou infarto
- Quando vivencia a sensação, gera um pensamento automático de estar tendo uma crise
- Esse pensamento provoca uma resposta em forma de medo
Assim, a ansiedade em evitar essas sensações e esse estado de constante vigilância agravam os sintomas e sustentam o transtorno do pânico.
Terapia cognitivo-comportamental
Como visto no exemplo acima, os pensamentos automáticos são comuns e surgem de forma espontânea, sendo basicamente interpretações imediatas de determinadas situações. No caso de pessoas com TP, o problema está no descontrole desses pensamentos, que engatilham os sintomas de medo e ansiedade.
Porém, a pessoa pode ser treinada para identificar esses pensamentos e até mesmo monitorá-los. Isso é o que propõe a Terapia Cognitivo-Comportamental, ou a TCC.
Uma vez que o indivíduo consiga vivenciar as mesmas sensações que antes acreditava que levariam a uma crise, mas, desta vez, em um ambiente seguro e monitorado, ele poderá se dar conta de que estas são manifestações normais do corpo e que elas não trouxeram o efeito esperado. Essa realização se torna uma forma de lidar com a ansiedade antecipatória e o medo de um novo ataque.
Em outros termos, a TCC é “empregada para corrigir a hipervigilância, as interpretações e as crenças distorcidas e, sobretudo, a agorafobia, que ocorre na maior parte dos portadores de TP e é uma das complicações comumente responsável pela incapacitação do indivíduo.”
Resultados da TCC
O tratamento do Transtorno do Pânico através da Terapia Cognitiva-Comportamental pressupõe a correção dos pensamentos catastróficos, que pioram os sintomas de ansiedade e medo.
Por meio de estratégias para aliviar a ansiedade (respiração diafragmática e relaxamento muscular) e mudanças cognitivas, os pacientes adquirem a capacidade de serem expostos a situações antes evitadas, superando a agorafobia e, portanto, dando um salto em termos de qualidade de vida.
No entanto, é importante ressaltar paciente tem papel ativo no tratamento.
Além do comprometimento com a psicoeducação, o indivíduo deve encarar a terapia como um trabalho conjunto com o profissional de saúde mental, ajudando-o a identificar seus pensamentos automáticos e disfuncionais para que os mesmos sejam trabalhados pontualmente.