O papel da obesidade nas doenças autoimunes
Publicado por Scio Education
Artigo original: “Obesity plays major role in triggering autoimmune diseases”
Data: 10 de novembro de 2014
Fonte: American Friends of Tel Aviv University

Sumário: Doenças autoimunes como a Doença de Crohn e esclerose múltipla, as quais o sistema imunológico ataca o próprio corpo ao invés dos invasores predatórios, afetam de 5% a 20% da comunidade global. Um novo estudo aponta para o papel principal da obesidade na ativação e prolongamento dessas doenças autoimunes.


Artigo Completo

Doenças autoimunes como a Doença de Crohn e esclerose múltipla, as quais o sistema imunológico ataca o próprio corpo ao invés dos invasores predatórios, afetam de 5% a 20% da comunidade global. Um estudo publicado recentemente na Autoimmunity Reviews pelo Prof. Yehuda Shoenfeld, da área de Pesquisa de Doenças Autoimunes da Universidade de Tel Aviv, e o chefe do Centro de Doenças Autoimunes do Centro Médico de Chaim Sheba, Tel Hashomer, aponta para o papel central da obesidade na ativação e prolongamento dessas doenças autoimunes.

De acordo com a pesquisa, a obesidade leva a um colapso da autotolerância protetora do corpo, criando um ambiente ideal para doenças autoimunes, e gera um ambiente pro-inflamatório que facilita a piora da progressão da doença e dificulta seu tratamento.

“Nós estivemos cientes de uma longa lista de causas de distúrbios autoimunes – – infecções, fumo, pesticidas, falta de vitaminas, entre outros. Mas nos últimos cinco anos, surgiu um novo fator que não pode ser ignorado: obesidade”, diz o Prof. Shoenfeld. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 35% da comunidade global está acima do peso ou é obesa, e mais de 10 doenças autoimunes são conhecidas por estarem associadas com o ganho de peso. Então é crucial uma investigação sobre o envolvimento da obesidade na patologia dessas doenças.”

A culpada na gordura: Adipocinas

Em adição a sua própria pesquisa, o Prof. Shoenfeld e sua equipe do Hospital Tel Hashomer conduziram uma revisão sistemática de 329 estudos de lugares ao redor do mundo sobre a relação entre obesidade, adipocinas (compostos liberados pelo tecido adiposo e envolvidos em diversas funções fisiológicas, incluindo a resposta imunológica), e condições relacionadas a imunidade como artrite reumatoide, esclerose múltipla, diabetes tipo-1, psoríase, doença inflamatória intestinal, artrite psoriática, e tireoidite de Hashimoto.

“De acordo com nosso estudo e com os dados clínicos e experimentais revisados, o envolvimento de adipocinas na patogênese dessas doenças autoimunes é clara”, disse o prof. Shoenfeld. “Nós pudemos detalhar as atividades metabólicas e imunológicas das principais adipocinas presentes no desenvolvimento e prognóstico de inúmeras condições relacionadas à imunidade.”

Uma dose de vitamina D

O professor Shoenfeld conduziu um estudo em populações de ratos com esclerose múltipla, advinda de uma dieta mediterrânica rica em gorduras insaturadas. Ele constatou que a deficiência de Vitamina D também era resultado de obesidade e, uma vez corrigida, aliviava a paralisia e deterioração do rim associadas ao distúrbio. Isso também melhorou o prognóstico e a sobrevivência dos ratos.

“A vida moderna nos torna propensos a uma deficiência de vitamina D,” continua o prof. Shoenfeld. “Nós vivemos em laboratórios, escritórios e carros. Quando a Vitamina D é expelida no tecido adiposo, ela não é liberada dentro do corpo, que precisa de Vitamina D para funcionar propriamente. Uma vez que os suplementos de Vitamina D são baratos e não apresentam efeitos colaterais, eles são o composto ideal para ser prescrito a qualquer pessoa com o risco de um sistema imunológico comprometido.”

O prof. Shoenfeld apoia a tendência geral que vai de encontro com a medicina personalizada, e acredita que sua pesquisa pode servir de base para terapias específicas para o tratamento de síndromes autoimunes. “Se um paciente se encontra sob risco, ele ou ela deve ser orientado a fazer tudo em seu poder para manter um peso saudável”, ele diz.