TEA Infantil e as novas diretrizes
Publicado por Scio Education

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio neurológico, que afeta uma parte considerável da população e pode causar um grande impacto na vida dos envolvidos, tanto da criança quanto da família, devido a necessidade de adaptação dos meios educacionais, sociais, de saúde, etc.

Por esse motivo, os profissionais de cuidados primários precisam estar constantemente capacitados e informados nas novidades, para que os primeiros contatos com o transtorno sejam o mais assertivo e eficiente possível, assim como o trabalho preparatório com a família e a criança.

Sendo assim, a American Academy of Pediatrics (AAP) recentemente atualizou suas diretrizes em relação ao diagnóstico e, consequentemente, tratamento de crianças dentro do espectro.

Essas são as novas recomendações:

1.Diagnóstico no momento oportuno, identificação precoce e tratamento baseado em evidências.

Atualmente, o TEA é diagnosticado de acordo com os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição. É importante que durante a observação comportamental, o profissional leve em consideração uma abordagem padronizada, independentemente da idade da criança.

Essas observações devem ser realizadas durante as visitas de triagem geral do desenvolvimento (aos 9, 18 e 30 meses), além da triagem padronizada para TEA (18 e 24 meses).

Se durante a triagem houver o aumento do risco de distúrbio de desenvolvimento, a criança deve ser encaminhada imediatamente para avaliação diagnóstica e, caso se confirme, intervir prontamente para evitar déficits comunicativos, adaptativos e comportamentais associados ao TEA.

É fundamental que o pediatra esteja familiarizado com as causas dessa condição (transtornos genéticos e neurológicos), para que possa orientar da melhor maneira no tratamento. Esse conhecimento se refletirá em opções mais adequadas de terapia, auxílio à família e a terapeutas, na hora de fornecer planos de intervenção comportamentais, educacionais, motores e de comunicação individualizados.

Outro fator essencial que este prestador de cuidado primário deve possuir é a capacidade de ajudar a monitorar e gerenciar condições que ocorrem em conjunto ao TEA, como: distúrbios do sono, dificuldade de alimentação, sintomas gastrointestinais, convulsões e déficit de atenção/hiperatividade.

2. Colaboração Multidisciplinar

Crianças e jovens com TEA requerem um esforço conjunto da comunidade, afim de garantir o desenvolvimento de suas habilidades sociais.

Para isso, devem ter orientação antecipada para condições comuns, encaminhamento conforme necessidade para cuidados especiais e gerenciamento contínuo em seu lar.

Isso começa com os cuidadores se preparando para os desafios comportamentais que estes jovens possam enfrentar e o consequente aconselhamento às famílias no trato dessas condições, como problemas com sono, recusa de alimentos ou comportamentos perturbadores.

Além dos tratamentos, o bem-estar é algo essencial para a criança dentro do espectro e isso só pode ser alcançado através de oportunidades de de participação em atividades inclusivas e opções de lazer apropriadas.

3. Planejamento do cuidado de adolescentes e transição para os sistemas de cuidados de pacientes adultos

O TEA não afeta apenas indivíduos na infância ou adolescência. À medida em que pessoas dentro do espectro se aproximam da idade adulta, o pediatra deve trabalhar com eles e suas famílias para que essa transição seja o mais suave possível, garantindo melhores condições para a assistência à saúde do adulto.

4. Promover a tomada de decisões compartilhada com os pacientes com TEA e suas famílias

A tomada de decisão compartilhada exige que o profissional de saúde se envolva em um diálogo respeitoso e recíproco com o paciente e suas famílias para planejar e monitorar as opções de assistência.

5. Educação continuada para os provedores de cuidados pediátricos para apoiar um lar ciente das necessidades clínicas de crianças e jovens com TEA

O tratamento do TEA visa oferecer uma oportunidade para que essas crianças e famílias possam disfrutar de uma vida saudável, inclusiva e representativa dentro da sociedade.

A chave para o sucesso desse tratamento passa pela ideia de que todo jovem com autismo possa ter um lar estruturado com uma fonte de cuidados acessíveis, colaborativos, culturalmente sensíveis, com conhecimento e com boa relação custo-benefício.

Neste quadro, o clínico possui um papel fundamental. Seu preparo e familiardade com questões relacionadas ao diagnóstico, condições médicas e comportamentais serão determinantes na hora de fornecer esse suporte para esses pacientes e suas famílias.

6. Apoio à agenda nacional de pesquisa sobre serviços básicos e clínicos sobre TEA


A AAP apoia a abordagem atual adotada pelo Interagency Autism Coordinating Committee of the National Institutes of Health de incluir partes interessadas representativas no planejamento de uma agenda de pesquisa significativa. As partes interessadas incluem famílias e indivíduos afetados, cientistas, clínicos e agências de saúde pública.