Decision Hacks: A neurociência de fazer a escolha certa
Publicado por Scio Education

Por Ben Thomas, 15 de janeiro de 2016

Você já saiu de uma loja com um novo gadget reluzente e pensou: “Por que eu comprei isso? É não posso pagar por isso e eu não preciso disso. O que me fez comprá-lo?”.  Talvez você já tenha se feito essa pergunta ao quebrar o ciclo de uma dieta por causa de uma sobremesa tentadora, ou cedeu e reatou com alguém que te magoou: “Eu não devia ter feito isto. Por que não consigo fazer a escolha certa?”.

Neurocientistas têm estudado questões como essas há décadas e têm obtido uma variedade de respostas, assim como algumas dicas para você se conscientizar quando estiver no meio de uma decepção pessoal. Aqui vão três dicas simples para evitar se decepcionar, e transformar decisões ruins em experiências de aprendizado.

 

Descubra e investigue seus filtros

 Temos vários filtros – em nível consciente ou inconsciente – e não há como fugir deles. Confiamos em algumas fontes mais do que em outras; julgamos apressadamente questões que inflamam nossas paixões; nos lembramos de estatísticas que sustentem nossas opiniões. Mas, ao mesmo tempo, convenientemente, nos esquecemos de fatos que neutralizam nossas crenças.

A maioria de nós conhece os próprios filtros: uma grande variedade de estudos foi revelada e eles influenciam nossas decisões diariamente. Os realizadores mais bem-sucedidos tendem a ser os menos conscientes sobre seus filtros, e superconfiantes em estarem corretos em seus posicionamentos. Em termos práticos, quanto maior o poder que uma pessoa tem de mudar o mundo, mais ela tende a passar as informações por mais filtros.

A boa notícia é que quando se é consciente em relação a seus filtros, você está numa situação muito melhor para trabalhar com eles, ao invés de ser ludibriado por eles. O cérebro humano é recheado de ferramentas úteis para perceber os filtros em ação de uma forma que você possa ponderar sobre uma escolha.

 

“Diferente de muitos animais, nós humanos temos a habilidade de sermos conscientes de nós mesmos e nos autorregularmos” disse Teagan Wall, um neurocientista comportamental PHD. Preste atenção nas coisas que te fazem feliz e naquelas que você tem inclinação em ser indulgente. A partir daí, leve-as em consideração quando estiver tomando decisões.

 

“Verifique se aqueles desejos não estão atuando no automático em segundo plano” explica Wall. “Traga eles para o primeiro plano da sua mente, reconheça-os, e os incorpore quando você toma decisões”.

Dê uma olhada nesta lista de filtros comuns, e veja se você consegue perceber algum deles na sua mente da próxima vez em que estiver se concentrando numa escolha importante.

 

Ajuste seu estilo de pensamento à tarefa

Alguns psicólogos especialistas postulam que as pessoas tomam atitudes mais precisas quando elas desconsideram a intuição e pensam analiticamente. A intuição, dizem estes especialistas, leva a conclusões fáceis ao invés de precisas, o que as tornam perigosas. Outros estudos, entretanto, descobriram exatamente o efeito oposto – que a intuição leva a decisões mais precisas do que as análises destacadas. A verdade sobre boas decisões tomadas pode, de alguma forma, estar no meio disso. Um grupo crescente de pesquisadores alega que os que tomam as decisões mais precisas, no geral, são pessoas que sabem quando mudar entre as duas formas de pensamento.

 

Um estudo de 2015 de um time de pesquisadores do Centro Interdisciplinar Herzliya de Israel descobriu que pessoas que se descrevem como “pensadoras analíticas” tendem a ser mais precisas em tarefas analíticas como resoluções matemáticas, ao passo que os que se descreveram como “pensadores intuitivos” se saiam melhor em tarefas do tipo reconhecimento facial. Agora aqui está o mais interessante: pessoas que se descreveram como adeptas às duas formas de pensamento pontuaram acima da média em ambas as tarefas.

Pessoas que pontuaram mais alto em ambas as tarefas não se descreveram como altamente intuitivas e nem altamente analíticas. Os melhores pontuadores dizem que eles eram altamente intuitivos e analíticos, dependendo do tipo de pensamento que a situação pedia. Os melhores realizadores, em termos práticos, eram bons nos dois tipos de pensamento, e transitavam entre eles.

 Da próxima vez que você tomar uma decisão errada, tente começar pela análise lógica – visto que é a mais lenta dos dois tipos – daí, se não funcionar, faça um esforço igualmente honesto com o pensamento intuitivo. A interação dos dois pode te levar à escolha correta.

 

Separe o problema da matemática

Não confunda manter uma mente aberta com ingenuidade. Manter uma mente aberta significa formular continuamente novos dados para dentro do seu processo de tomada de decisões, independente de como se sente em relação a eles. Sentimentos são sempre importantes ao fazer uma escolha, mas quando suas preconcepções sobre uma questão turvam suas percepções com números difíceis, até sua aritmética básica fica fadada a cair por terra.

Em um estudo de 2013, uma equipe conduzida por Dan Kahan na Universidade Yale pediu a vários grupos de voluntários que interpretassem um estudo científico falso. Os participantes revisaram as estatísticas fictícias da tese sobre a eficácia de “um novo creme para tratar erupções cutâneas”. O desafio era utilizar essas estatísticas para solucionar problema aritmético razoavelmente complexo, e 59% dos participantes responderam errado.

Sua precisão foi ainda pior, quando o estudo que eles estavam avaliando não era mais sobre o creme para a pele, mas sim relacionado a “uma recente proibição de armas”. O problema matemático foi o mesmo, mas desta vez lidava com números sobre uma questão partidária. Os participantes obtiveram resultados piores nesta avaliação, e especificamente na direção de seu filtro político. Quando a resposta correta foi que a proibição de armas efetivamente reduziu o crime, mais democratas acertaram e os republicanos entenderam errado. Quando a resposta correta foi que a proibição não funcionou, os republicanos obtiveram pontuação mais alta e os democratas obtiveram resultados mais baixos.

Os filtros sempre mentem – as estatísticas também podem ser disfarçadas -, mas a aritmética simples é um número puro. Se sua decisão envolve matemática, calcule os números difíceis sem pensar no que eles significam, então, analise seus sentimentos em um momento separado. Você verá ambos os lados mais claramente.

Com a ajuda de táticas como essas, você se dará conta das decisões negativas antes que aconteçam, e aprenderá algo útil sobre si mesmo quando se enganar. Você não tem que ser um santo ou um guru para tomar decisões sábias, mas precisa tornar consciente suas próprias fraquezas mentais, e ter vontade de ser honesto consigo mesmo, sobre si mesmo.

 

Artigo original disponível em:  http://blogs.discovermagazine.com/crux/2016/01/15/decision-hacks-making-smarter-choices/#.WIkPePkrLcc