Surto psicótico: saiba como identificar e tratar 
Publicado por Scio Education

O surto psicótico é um episódio de dissociação psíquica caracterizado pela perda de noção da realidade, no qual o indivíduo é incapaz de pensar racionalmente. Sendo a psicose uma alteração temporária do estado mental, é natural que ocorram manifestações como alucinações, delírios, comportamento e pensamentos desorganizados.  

De forma biológica, durante o surto psicótico, ocorre o aumento da atividade do sistema límbico, área do cérebro responsável por nossos comportamentos, por todas as respostas emocionais e pela memória. Essa alteração faz com que as percepções da pessoa fiquem alteradas e os pensamentos desorganizados.  

Como reconhecer um surto psicótico? 

As significativas alterações comportamentais são as principais características que chamam atenção em um quadro de surto psicótico. Porém, nem sempre é fácil distinguir um surto psicótico de outros quadros existentes em transtornos mentais.  

Existem alguns fatores comportamentais que podem ajudar a compreender se o indivíduo está passando por um surto psicótico:  

  • Alucinações, nas quais o indivíduo não sabe diferenciar o real e o fictício; 
  • Rápidas oscilações de emoções e de humor, como medo, euforia, pânico e raiva;  
  • Confusão mental acompanhada de quadros de ansiedade e agressividade;  
  • Perda de noção de tempo e de espaço;  
  • Dificuldade de comunicação;  
  • Ideias delirantes e ilusões; 
  • Comportamento catatônico, ou seja, perturbação e alteração psicomotora;   
  • Isolamento social. 

Quais são as causas de um surto psicótico?  

Alguns fatores podem contribuir para o surgimento de quadros com surto psicótico, como complicações relacionadas ao parto, medicamentos com efeito anticolinérgico ou deficiência da vitamina B12. Além disso, existem três fatores notáveis que podem ocasionar os surtos psicóticos:  

  • Uso de drogas, principalmente de forma abusiva; 
  • Transtornos psiquiátricos: indivíduos com doenças psiquiátricas preexistentes, como esquizofrenia, transtorno bipolar ou episódios depressivos graves; 
  • Condições médicas, como disfunções de tireoide, do fígado, de níveis hormonais ou patologias como lúpus, eritematoso sistêmico, sífilis, AIDS e outras infecções.  

Como agir em casos de surto psicótico? 

Se você presenciar um quadro de surto psicótico, a melhor maneira de ajudar é manter a calma e tentar compreender a situação o mais rápido possível.  

Uma das formas de estabilizar o quadro é tentar levar o indivíduo para um lugar mais tranquilo e isolado, sempre lembrando da importância de que todos estejam em segurança, logo, não é bom insistir caso haja resistência.  

É necessário evitar confrontar ou discutir diante de atitudes ou comportamentos mais agressivos, pois essa discussão pode gerar mais estresse e agravar a situação. Lembre-se, também, de remover objetos que possam ser perigosos em caso de raiva, como facas e peças pontiagudas. É preciso sempre preservar a integridade física tanto do indivíduo quanto de quem está ao redor dele.  

É importante não hesitar em pedir ajuda profissional, incluindo os serviços que podem prestar socorro e auxílio emergencial. Após o surto, é essencial procurar por atendimento de um profissional da saúde mental. 

Todo surto psicótico é persistente?  

Nem todo surto é persistente, algumas psicoses são chamadas de “psicose reativa breve” ou “transtorno psicótico agudo e transitório”, e, por definição, tem uma duração mais curta e restrita. Outras psicoses, como aquelas existentes em quadros depressivos ou de transtornos bipolar, também podem desaparecer por completo.  

Em relação à esquizofrenia, os quadros psicóticos podem desaparecer, porém sempre restará algum sintoma residual, os chamados sintomas negativos, como dificuldade de expressar emoções, falta de disposição e isolamento social.  

Qual é o tratamento ideal para surto psicótico? 

O tratamento adequado para os quadros psicóticos é feito através da farmacoterapia, principalmente com antipsicóticos. Outras medicações também podem ser utilizadas, dependendo do quadro de base do paciente, como antidepressivos e estabilizadores de humor.  

A partir do momento em que o paciente estiver estabilizado, é fundamental iniciar a psicoterapia. A presença de profissionais adequados, tanto para o paciente quanto para quem está próximo, é fundamental para que o tratamento funcione de forma efetiva.  

O surto psicótico não deve ser enfrentado com medo, muito menos com violência, mas sim com acolhimento, empatia e técnicas apropriadas. É essencial que o paciente se sinta acolhido e confortável com sua rede de apoio, para que consiga estar aberto e transparente com as pessoas ao seu redor.