Conheça as características do autismo regressivo 
Publicado por Scio Education

Conforme nosso artigo “Você sabe o que caracteriza autismo de alto funcionamento?”, é essencial entender o que caracteriza TEA antes de compreender os diferentes níveis de gravidade de autismo que são englobados por ele. 

O TEA – Transtorno do Espectro Autista é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por comportamentos típicos como déficit na interação social e padrões de comportamento.  

Ao longo dos anos, a comunidade científica voltada à área da saúde mental notou que o autismo não possui um quadro fixo de sintomas, mas, sim, diversos comportamentos e manifestações cognitivas que abrangem diferentes áreas da comunicação e da interação social. Ou seja, o transtorno pode se manifestar de diversas formas.  

Por essa razão, o autismo passou a ser nomeado como Transtorno do Espectro Autista, englobando uma ampla diversidade de sintomas e diferentes níveis de gravidade. O TEA é dividido pelo grau de comprometimento do transtorno e das condições que são relacionadas a ele.  

A dificuldade  na comunicação, o déficit na interação social e a existência de manifestações comportamentais, como padrões de comportamento repetitivos, são os principais sintomas do TEA. Além disso, pessoas pertencentes ao espectro autista podem apresentar características como sensibilidade sensorial e necessidade de seguir rotinas.  

O que é autismo regressivo?  

Também conhecido como regressão autística, o autismo regressivo é uma condição rara caracterizada pela regressão cognitiva e comportamental de crianças que apresentavam desenvolvimento normal e comportamentos típicos para sua idade. Em outras palavras, o autismo regressivo ocorre quando há a perda de habilidades já consolidadas em crianças. Por exemplo, quando uma criança para de dialogar após já ter começado a falar diversas palavras.  

O autismo regressivo é caracterizado por três aspectos essenciais: déficit na habilidade de linguagem social verbal e não verbal; perda do interesse em iniciar e manter uma reciprocidade social; e o surgimento de comportamentos atípicos e repetitivos. Após a regressão autística, a criança passa a seguir o padrão comportamental do TEA.  

A regressão autística afeta com mais frequência as habilidades iniciais de comunicação que o desenvolvimento da linguagem. Algumas das características de crianças que apresentam um quadro de autismo regressivo é a dificuldade em demonstrar emoções, ausência de sorrisos e risadas para os responsáveis, e a falta de resposta aos sinais de comando, por exemplo, não seguir o dedo do responsável quando apontado para um brinquedo.  

Antes do quadro de autismo regressivo ser notado, a criança pode apresentar histórico de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor ou até algum tipo de atraso isolado, porém muitas vezes esses atrasos são difíceis de serem notados. 

Segundo especialista, esse tipo de TEA ocorre em apenas 30% das crianças, as quais apresentam comportamentos atípicos após meses de vida sem a presença de nenhum sintoma ou comportamento atípico anterior. Aproximadamente 70% das crianças pertencentes ao espectro autista já nasceram com sintomas ou os apresentavam desde pequenas. 

O que pode contribuir para regressão autística?  

O autismo regressivo pode ocorrer de forma repentina ou gradual,  geralmente em crianças com idade entre 15 e 30 meses (1 ano e 3 meses e 2 anos e meio). Há raras exceções, nas quais crianças  por volta dos 3 anos podem apresentar a perda de habilidades.  

Não é possível determinar uma causa específica do autismo regressivo. Segundo o Instituto NeuroSaber, estima-se que 23% das crianças com regressão autística apresentam alguma doença metabólica, genética ou episódios de crises epilépticas ou convulsivas. Em 77% das crianças, não se sabe a causa do aparecimento do transtorno.   

É sempre importante lembrar que crianças pertencentes ao espectro autista não possuem características iguais, cada uma apresenta comportamentos e déficits cognitivos e sociais distintos.  

De acordo com estudos de 2019, crianças pertencentes ao autismo regressivo apresentam um maior comprometimento na linguagem e na função intelectual, podendo desenvolver um quadro de autismo mais severo quando o diagnóstico e o tratamento adequados não são realizados.  

Ao notar sinais de regressão ou mudanças comportamentais, é fundamental procurar por ajuda qualificada e especializada. Os profissionais da saúde mental atuam no diagnóstico e no tratamento de forma personalizada, realizando intervenções comportamentais e cognitivas para a interrupção da regressão e para um desenvolvimento saudável de acordo com as necessidades individuais de cada criança