TEA e alimentação: transtornos alimentares em crianças do espectro autista 
Publicado por Scio Education

Manter uma boa alimentação é mais importante do que se pode imaginar, são inúmeros os benefícios ocasionados pelo consumo de alimentos saudáveis, refletindo para além de nossa condição física. Uma boa alimentação é um dos elementos primordiais para dispormos de uma boa qualidade de vida. 

Uma das características comportamentais de crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é justamente a dificuldade em relação à escolha e aceitação dos alimentos. Quando os problemas relacionados à alimentação não são tratados, eles podem se tornar distúrbios crônicos, afetando a dinâmica familiar, o convívio social e gerando graves problemas nutricionais.  

O que é o TEA?  

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento habitualmente caracterizado pelo déficit na interação social e nos padrões de comportamento. Os principais sintomas do TEA são as manifestações comportamentais, como padrões de comportamento repetitivos, a sensibilidade sensorial e a dificuldade  na comunicação e interação social.  

Os déficits sensoriais motivados pelo transtorno também influenciam em questões alimentares, uma vez que as comidas possuem cheiros, texturas e sabores diferentes.  

Seletividade alimentar em crianças com TEA 

O principal desafio é a Seletividade Alimentar. Caracterizada pela recusa de alimentos, falta de apetite, repertório restrito de alimentos e o desinteresse em experimentar outros sabores, esse transtorno alimentar pode ser uma das manifestações do TEA. 

Embora a seletividade alimentar não seja um problema exclusivo às crianças com TEA, quando ocorre, ela pode ser ainda mais restrita em comparação a crianças que não pertencem ao espectro.  

Alguns alimentos podem não agradar as crianças do espectro autista, ocasionando um padrão alimentar e uma maior dificuldade na inserção de novos alimentos nas dietas. Assim, o grande desafio de manter uma alimentação saudável e variada em crianças com TEA é a restrição que elas costumam ter em relação a diversas comidas.  

Muitos fatores podem impactar na aceitabilidade alimentar de crianças com TEA. Geralmente, crianças pertencentes ao espectro autista são mais seletivas e  aceitam um menor repertório de alimentos. A parte visual também é importante, a organização e a forma como o alimento está disposto pode influenciar na alimentação. Além disso, elas podem criar o hábito de sempre comer a mesma coisa e recusar outros alimentos. 

Outra dificuldade que pode ocorrer no momento da refeição é a resistência em comer à mesa, sobretudo em lugares onde as crianças não estão acostumadas. Fatores como troca de horário da alimentação e tipos de utensílios novos  podem ser obstáculos na alimentação de crianças pertencentes ao espectro autista.  

É importante citar outros transtornos alimentares que crianças do espectro autista podem apresentar:  

  • Comportamentos de alto risco: ingestão de coisas não comestíveis que podem ser tóxicas e prejudiciais à saúde;  
  • Ingestão rápida de alimentos: comer de forma exagerada e compulsiva; 
  • Ruminação: demora ao engolir os alimentos ou a regurgitação voluntária de alimentos após terem sido consumidos.  

Como lidar com a seletividade alimentar?  

A introdução de novos alimentos deve ser realizada de forma gradual, sempre respeitando os limites da criança. Existem algumas técnicas que ajudam os pais no tratamento de transtornos alimentares, como oferecer de forma repetida novos alimentos e escolher aqueles que possuam o perfil parecido com os que a criança gosta. 

Porém, é sempre importante buscar ajuda profissional. A intervenção de uma equipe multidisciplinar composta por profissionais como nutricionista, nutrólogo e psicólogo é essencial para auxiliar os pais no tratamento de crianças com TEA que apresentam quadros de transtorno alimentar.