Ao longo da nossa (relativamente) recente jornada pela psique humana, filósofos e estudiosos sempre demonstraram a latente necessidade em desbravar a mecânica motivacional por trás dos relacionamentos interpessoais.
O modo como nos identificamos com outro membro de nossa família, ou com um par amoroso, ainda é algo fascinante aos olhos da comunidade científica.
No entanto, a última ponta da tríade social continua a não receber a devida atenção, mesmo sendo considerado um conceito tão antigo quanto “família” e “amor”.
Neste artigo, iremos explorar o campo vasto e peculiar da mais democrática das relações humanas: a amizade.
A anatomia da amizade
Grandes nomes da literatura tentaram definir o que significa chamar alguém de amigx, mas a complexidade do desafio se dá pelo caráter multifacetado dessa relação, que pode existir em diferentes épocas da vida e em diversos contextos sociais.
Apesar de se manifestar de maneira variada, a principal característica da amizade continua sendo a mesma: uma conexão bilateral e voluntária, envolvendo apreciação mútua e que esteja ligada por interesses, gostos ou outras características em comum.
Outros fatores considerados importantes para a formação desse laço são:
- disposição para investir tempo livre na relação;
- companheirismo;
- reciprocidade;
- capacidade de expressar carinho;
- preocupação;
- admiração,
- afeição;
- ajuda,
- aconselhamento;
- demonstração de confiança;
- lealdade;
- resolução de conflitos.
Amizade saudável
Os benefícios de uma amizade vão muito além da felicidade e suporte emocional que ela proporciona. Na verdade, esses laços são de tamanha importância para o ser humano que seu rompimento pode levar à sérios impactos na saúde mental de uma pessoa.
Nos últimos anos, pesquisas categorizaram a incapacidade de formar e manter laços de amizade como sintomas cruciais para o diagnóstico de transtornos patológicos, como o autismo ou a depressão.
Nesse contexto, podemos entender a ligação entre duas pessoas, que se consideram amigas, como a coroação de uma árdua jornada: a busca de não nos sentirmos tão solitários e deslocados, dentro de uma sociedade cada vez mais plural e metamorfa.
Esponja sociocultural
Pesquisadores afirmam que a maioria das pessoas definem seu círculo de amizade baseadas nas similaridades sociais, culturais e antropológicas que dividem entre seus pares, contemplando aspectos como:
- Idade;
- Raça;
- Religião;
- Realidade socioeconômica;
- Nível educacional;
- Visão política;
- Padrão de atração física;
- Entre outros.
Penso, logo amigo.
O impulso de se unir àqueles que mais se assemelham ao nosso próprio reflexo é completamente natural, podendo ser observado até mesmo entre animais. Porém, novas pesquisas apontam que as origens do companheirismo podem estar enraizadas em outro grande mistério da natureza: o cérebro.
Em um experimento social, pesquisadores exibiram trechos aleatórios de clipes contendo temas que variavam desde cenas cômicas até o comportamento da água no espaço.
O padrão da atividade neurológica observado a partir desses vídeos foi analisado e o resultado foi espantoso, surpreendendo os responsáveis por conduzir a experiência.
A similaridade de padrões entre amigos foi tão significativa que os cientistas puderam concluir quais sujeitos eram amigos mesmo desconhecendo seu nível de proximidade em relação às outras pessoas, selecionadas aleatoriamente e sem nenhum vínculo com o grupo de colegas.
Uma escolha chamada amizade
Amigos percebem o mundo ao seu redor de maneira parecida e esse processamento compartilhado de informações é a chave para aquela sensação recompensadora, de entender uns aos outros sem ter que trocar uma única palavra se quer.
Basta haver uma boa química (cientificamente falando!) e abrimos a porta para milhares de piadas internas, momentos que marcarão nossas vidas e a certeza de que podemos contar com aquela pessoa que escolhemos, por livre e espontânea vontade, chamar de Amigo.
fonte:
https://www.nytimes.com/2018/04/16/science/friendship-brain-health.html
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Feliz Dia do Amigo a todos!