Com o aumento do número de pessoas residindo em centros urbanos, as cidades se tornaram um ponto chave na busca pela sustentabilidade e na manutenção da saúde humana.
Uma vez que essa concentração demográfica não tende a diminuir tão cedo, nosso futuro pode estar na maneira como lidamos com alguns hábitos extremamente prejudiciais, herdados nesses grandes centros, como o sedentarismo e dietas nada saudáveis.
O estilo de vida urbano atual afeta negativamente nossa saúde física e mental.
Uma série de transtornos crônicos se desenvolveram ou foram potencializados, nas últimas décadas, amplamente influenciados pela relação caótica da rotina das pessoas com a vida na cidade.
Em resposta a esse comportamento destrutivo, a relação da natureza com a cidade já foi comprovadamente associada à qualidade da saúde mental das pessoas.
Um artigo publicado recentemente na China, envolvendo mais de 20.000 chineses, confirma a influência da poluição no ar e mudanças na temperatura para a diminuição da saúde mental da população.
Efeitos positivos da exposição à natureza
Diversas pesquisas sugerem a incorporação do espaço verde na rotina como uma medida fundamental para o aumento da média de saúde da população metropolitana.
Entre as melhorias mais evidentes estão:
- Diminuição do estresse e as alterações de humor
- Melhora na auto-estima
- Aumento das funções cognitivas (memória, atenção, linguagem, percepção e funções executivas)
- Crescimento da afetividade positiva, ou seja, o quanto as pessoas experimentam sentimentos positivos, como alegria, interesse e confiança.
A principal consequência de um aumento no nível de conscientização ambiental urbana está na maneira como interagimos um com os outros e com o espaço em que passamos quase toda a nossa vida.
Urbanismo verde
A questão do distanciamento do homem com a natureza não é de hoje e propostas para intervenções naturais já existem, com muitas delas sendo postas em prática diariamente.
A preservação de parques, com enormes áreas naturais no coração de grandes centros, possibilita caminhadas em meio à natureza e a participação em jardins comunitários estimula o senso de coletividade, agricultura urbana e a relação com a comida orgânica.
No entanto, ainda há pouca base de pesquisa para que urbanistas, arquitetos e profissionais de saúde pública conheçam a fundo quais elementos da natureza, e quais experiências associadas a esses elementos, sejam realmente efetivas, oferecendo melhores resultados na hora de reintegrar áreas verdes nos planejamentos urbanos.
Neste artigo, pesquisadores levantam um dos principais entraves para a evolução do tema: a maioria dos estudos dedicados à exposição de pessoas à natureza, e consequente melhora na saúde mental, é focada majoritariamente na experiência do sujeito e quais os resultados disso para a mente.
Esse método acaba fornecendo poucos detalhes sobre o local da experiência em si e qual o contexto em que ela ocorre. A ambientação é vital para o entendimento de quais elementos da natureza surtem mais efeito no sentimento de bem-estar da pessoa.
Plantas, jardins, árvores, animais? Quais tipos de vegetação? Detalhes como estes, que muitas vezes recebem pouca atenção nos relatórios, auxiliam na construção de um espaço verde complexo e mais efetivo no combate às doenças da mente.
Preservação da nossa essência
O afastamento progressivo do ser humano de seu habitat natural trouxe avanços inimagináveis para a ciência e tecnologia, mas torna-se cada vez mais evidente que essa evolução carrega um outro lado prejudicial à nossa condição como parte integrante do planeta.
Em um cenário onde novas doenças e transtornos surgem a cada dia, sem explicação exata ou solução a curto prazo, se faz necessário olharmos para nossas origens e entender a real conexão do homem com a natureza, e a potencial influência do meio ambiente na vida moderna.
Não apenas na saúde física, como é o caso da poluição e o aquecimento global, mas o impacto dessa disrupção para nossa mente e a maneira como nossos cérebros processam mudanças tão agressivas no nosso estilo de vida e no ambiente que nos cerca.
O ser humano e a “natureza” sempre foram integrados em sua essência, nós apenas nos esquecemos disso. O nosso corpo, não.
Fontes:
The impacts of nature experience on human cognitive function and mental health